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A Expansão das Fronteiras Brasileiras

Por Vagner Henrique Ferraz 10 jun 2016 - 5 min de leitura

22 de abril de 1500.

Naquele domingo, 516 anos atrás, ocorria o primeiro encontro entre Portugueses e indígenas em terras brasileiras. O único relato que possuímos do encontro é a carta do escrivão Pero Vaz de Caminha, endereçada ao rei de Portugal, que diz “A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.” […] “Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm, nem entendem em nenhuma crença.” Em seu relato, Caminha demonstra certo ar de superioridade em relação aos habitantes locais, tratados como bárbaros e pagãos. A ideia de descobrimento é infundada, já que a própria carta atesta a presença humana antes da chegada dos europeus.

Os interesses portugueses em nossas terras resumiam-se à exploração de recursos lucrativos, como as especiarias trazidas das índias, ou ouro e prata. Como não encontraram nem um nem outro, optaram por extrair uma madeira capaz de liberar uma tinta de cor avermelhada, como uma brasa quente, ao qual chamaram Pau-brasil. Como não havia interesse em ocupar o território, devido à falta de produtos para o comercio, a presença portuguesa tornou-se escassa, aumentando somente a partir da década de 1530, com a implantação da produção da cana-de-açúcar.

Pelos limites estabelecidos no Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 por Portugal e Espanha, Portugal tinha direito a uma faixa de terra de 370 léguas a partir das ilhas de Cabo Verde, próximas ao litoral africano. O território correspondia a uma pequena parte do litoral brasileiro na atualidade.

Porém as coisas não ficaram assim por muito tempo.

O tratado foi constantemente violado por parte dos portugueses, que adentravam as fronteiras em busca de pedras e metais preciosos e também em busca de escravos para a produção de açúcar.

Mas nem só de açúcar vivia a colônia! Em outras regiões, como no atual Nordeste, que foi um dos polos açucareiros, a criação de gado também ajudava a conquistar novas áreas em nome da coroa e adentrar cada vez mais o território, sempre em conflitos e alianças com diversas tribos indígenas da região. Ao longo do rio Amazonas foram exploradas as “drogas do sertão”, produtos que eram extraídos da floresta e do rio e que também rendiam algum dinheiro na Europa, como o cacau, o urucum e o guaraná.

Os bandeirantes também foram importantes no processo de formação das fronteiras nacionais. Em busca de pedras preciosas e escravos, percorreram boa parte dos rios navegáveis da época, atravessando o interior do continente em sua empreitada.

Um dos episódios mais marcantes da busca de mão de obra escrava pelos bandeirantes ocorreu na província do Guairá, correspondente ao atual estado do Paraná. Segundo a divisão de 1494, apenas a região da Serra do mar, no litoral paranaense atual, pertenceria a Portugal. Todo o restante seria território espanhol.

A presença espanhola pode ser notada na primeira metade do século XVI, quando em 1541 o explorador Alvar Nuñez Cabeza de Vaca atravessa a região em direção ao Paraguai. Cabeza de Vaca foi o primeiro europeu a avistar as Cataratas do Iguaçu, batizando-as com o nome de Saltos de Santa Maria. Alguns anos após a passagem de Cabeza de Vaca, foi fundada a cidade de Ontiveiros, em 1554, que dois anos após foi transferida por conta da péssima localização em que fora inicialmente concebida.

A nova povoação, Ciudad Real del Guairá, tornou-se o centro da colonização espanhola na região. Em 1570 foi fundado o terceiro núcleo de ocupação, Villa Rica del Espirito Santo. Para realizar a extração de recursos, como a erva mate, os espanhóis utilizaram mão de obra indígena, através do sistema de encomiendas. Logo após chegaram os primeiros padres jesuítas, encarregados da catequização dos índios.

Os jesuítas começaram então o processo de aldeamento e construção de Reduções onde era realizada a catequização e conversão dos indígenas para a fé católica. O grupo indígena mais comum nas reduções foi o Guarani. Mais do que simplesmente catequizados, os Guarani buscavam abrigo contra inimigos externos. De um lado, os Kaingang, inimigos tradicionais. De outro, os espanhóis, em busca de mão-de-obra para o trabalho na colheita do mate.

As reduções tornaram-se ponto de convergência para os indígenas, e entre 1610 e 1628 formaram-se 15 delas no Guairá, ao longo dos rios Tibagi, Ivaí, Piquiri e Paranapanema.

A concentração de uma enorme quantidade de potencial mão-de-obra atraiu os portugueses para a região antes mesmo da implantação das reduções. Por volta de 1607 bandeirante Manoel Preto já adentrava o Guairá em busca de índios e pedras preciosas. O avanço dos espanhóis até o rio Tibagi já preocupava os portugueses, que temiam perder também o litoral atlântico na região. Além disso os próprios portugueses possuíam a intenção de dominar o território espanhol e chegar até o rio da Prata, mais ao sul.

Entre 1628 e 1632 as reduções sofreram investidas das bandeiras de Raposo Tavares e Manoel Preto, como demonstra o mapa abaixo:

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Pesquisadores estimam que a região das reduções abrigassem em torno de 100.000 indígenas convertidos. Destes, mais da metade foram apreendidos e vendidos pelos portugueses, e mais de dez mil foram mortos em conflitos com portugueses. O padre Antônio Ruiz de Montoya, jesuíta que acompanhou o processo de construção e destruição das reduções relata que 12.000 pessoas foram capazes de fugir através dos rios Paranapanema e Paraná. Segundo ele “Causava espanto verem-se, por toda aquela praia, ocupados os índios fabricarem balsas, que importavam na reunião de duas canoas, ou de dois troncos grandes de madeira, cavados a modo de barco, sendo que sobre elas se constrói uma casa bem coberta e resistente à água e ao sol”. “Andava a gente toda empenhada em baixar à praia seus objetos caseiros, sua matalotagem, suas avezinhas e demais criação”.

Em uma fuga de proporções gigantescas, mais de 700 embarcações desceram o rio Paraná, até chegarem nas Cataras do Iguaçu, intransponíveis de barco. A partir daí foi necessário recolher as embarcações e transportá-las por terra até que o rio pudesse ser novamente navegado. A partir daí, muitos rumaram para o Paraguai e outros tantos foram para o sul, na província do Tape, atual Rio Grande do Sul, onde posteriormente fundaram os Sete Povos das Missões no Rio Grande do Sul.

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Comentários
  • Clarisse silva 02 jan 2019

    Muito bom o texto mas não me ajudou muito

  • Maxi Educa 03 jan 2019

    Olá Clarisse, Bom Diaa!! Obrigador por participar do nosso blog. Acompanhe-nos nas redes sociais. Facebook: https://goo.gl/fgnB61 Instagram: https://goo.gl/xe1LmU YouTube: https://goo.gl/REyOiW

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