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Relembre todos os acontecimentos em torno da Guerra do Vietnã e não erre questões sobre conflitos mundiais

Por Matheus De Marchi 16 nov 2017 - 15 min de leitura

A Guerra do Vietnã não foi apenas uma invenção do cinema para que pudéssemos assistir várias vezes Forest Gump e rir da fúria do Tenente Dan na frente das “desatenções” do Forrest. Também não foi só uma história aumentada para o mundo jogar na cara dos estadunidenses que não se pode vencer todas, apesar do que eles acreditam.

Esse conflito envolveu muito mais do duas metades de um país brigando pelo poder. Podemos contextualiza-lo com o final do neocolonialismo, com a Guerra Fria, com os atuais desentendimentos da Coréia e como cenário/ambiente cinematográfico para clássicos como Braddock – O Super Comando.

Como sabemos que para as bancas de concursos não existem assuntos batidos demais, vamos falar um pouco sobre o desenvolvimento desse conflito e sobre como Chuck Norris conquistou a liberdade de soldados americanos e nossa admiração.

– Tá bem, não vamos falar dele. Muito

Afinal. Por que dois “Vietnãs”?

A Guerra do Vietnã não foi apenas uma invenção do cinema para que pudéssemos assistir várias vezes Forest Gump e rir da fúria do Tenente Dan na frente das “desatenções” do Forrest

Fonte:< http://forum.jogos.uol.com.br

Como eu vivo no meu mundinho feliz onde eu penso que você (estudante) lê atentamente e adora os textos do blog de História e Atualidades, não vê a hora de sair o próximo, deixa de assistir sua série favorita para acompanha-lo, imagina um bem apessoado e jovem professor feito à imagem do Thor e tem uma ótima memória, tenho de avisar que apesar do semelhante início, estamos falando de outro assunto: você deve se lembrar que quando falamos sobre as Coreias iniciamos com a mesma pergunta. Nesse caso: mas afinal, porque dois Vietnãs?

Qualquer semelhança é mais do que coincidência sim. Falamos ali em cima que podemos jogar vários contextos a respeito da Guerra do Vietnã, alguns deles vão lembrar os conflitos nas Coreias outros vão até te fazer pensar: “e se tivesse sido assim… – aquele balãozinho de pensamentos deve surgir ao lado da sua cabeça a qualquer instante – “.

Acontece que para entendermos a Guerra do Vietnã, precisamos entender o porquê de mais de um Vietnã. E nós vamos.

A culpa é do Japão! De novo…

Assim como aconteceu com o território das Coreias e as invasões chinesas, japonesas, russas (…) o território que corresponde ao Vietnã também sofreu um processo de constantes invasões até conquistar sua emancipação e unificação.

O Vietnã, junto com Laos e Camboja fazem parte de uma região chamada de Indochina (localizada em “baixo” da China e à “direita” da Tailândia). Essa região desde o século XIX foi controlada pela França no contexto do Imperialismo. E como normalmente acontece nesse contexto, era um controle baseado na força. Esse domínio oficialmente continua existindo até o final da Segunda Guerra Mundial, mas na prática ele é interrompido pelos nossos pequenos gigantes orientais, os japoneses.

Na mesma onda iniciada no começo do século XX quando o Japão estende seus interesses imperialistas para parte do território chinês, Coreias e ilhas do Pacífico, ele também invade e controla a região da Indochina.

Mas por que o domínio francês continua?

– Eu lhe digo.

Por causa dos problemas que a França teve na Segunda Guerra Mundial com os nazistas – parte de suas colônias foram distribuídas entre os integrantes do Eixo -, as autoridades francesas na Indochina não tiveram muita resistência ou opção contra os japoneses, na verdade eles até colaboraram. Resultou que daí, ambos exploraram a Indochina até o ano de 1945, quando a Guerra estava próxima do fim e os japoneses começaram a temer que a França, agora livre pudesse querer o controle total da região novamente.

A Frente de Libertação do Vietnã

 

Fonte: < https://pt.wikipedia.org

O mais de meio século de exploração francesa não foram exatamente um aprendizado cultural para os vietnamitas. E assim como vimos em inúmeros exemplos, eles também se organizaram em movimentos de resistência, o de maior destaque foi a Frente de Libertação do Vietnã (FLV). Seu líder, Ho Chi Minh, pouco tempo depois cria uma frente armada no movimento, o Viet Minh.

O Viet Minh, originalmente criado para combater o domínio francês, acaba se deparando em um confronto com os japoneses, que pouco tempo depois haviam dominado a Indochina. E como era de se esperar, os japoneses tiveram larga vantagem nos conflitos já que tinham um exército pronto para o conflito mundial.

Apesar de não obterem sucesso no início, o grupo Viet Minh nunca saiu de cena. Ao final da Segunda Guerra, com o Japão sofrendo as punições impostas ao Eixo, além do próprio absurdo das bombas de Hiroshima e Nagasaki, sem forças para manter o controle do Vietnã, e com a França vendo sua autoridade restabelecida com ajuda inglesa e chinesa, o Viet Minh volta a ter como único inimigo o governo francês.

Aqui temos uma surpresa: o grupo da FLV, apesar das intenções e do número de adeptos, não tinham a estrutura (equipamentos) ou o treinamento adequado para o combate, adivinhem quem vai dar uma mãozinha com isso…

Os japas!!!!! Podemos começar a especular que foi uma espécie de vingança, ou que eles pretendiam que os próprios vietnamitas mantivessem a França longe para um dia retornar ou apenas ligaram o botão do pratique o coito, fato é que forneceram armas, treinamento, alguns “voluntários” e mantiveram os oficiais franceses presos por um bom tempo ainda.

Capitalistas X Comunistas (de novo)

Nesse período imediato pós Segunda Guerra muita gente estava metendo o bedelho no território da Indochina. Os franceses que não conseguiram com as próprias forças expulsar os japoneses contaram com ajuda direta da Inglaterra (capitalista) e da China (comunista). Ingleses pelo sul, chineses pelo norte, Japão fora (diretamente) e Viet Minh no meio desse rolo todo.

São esses eventos que começam a desenhar o conflito como o que nós vemos nos filmes, quando os estadunidenses, apesar da birra, levam aquele empurrão com os pés de forma agressiva.  

Ninguém faz nada de graça quando falamos nesses eventos históricos. No norte a ajuda chinesa não faz nenhum esforço para controlar o Viet Minh (que simpatizam com o regime), o que resulta na criação de um Estado no norte do Vietnã com a liderança de Ho Chi Minh. Se colocarmos a Guerra do Vietnã como o conflito entre norte e sul, é aí que ela começa de fato. Se a FLV governa no norte, a França não perde tempo e monta um governo no sul (governo vietnamita “gerenciado” pela França). Como ambos queriam todo o território, tem início uma Guerra entre Viet Minh e forças francesas (apoiadas pela Inglaterra, e com várias propostas de ajuda dos Estados Unidos ainda não aceitas).

As lutas se arrastam até 1954 quando o norte vence. Surpreendentemente, o resultado disso é a divisão do território. Em Genebra, na Conferência de 1954 fica estabelecido que a França retiraria as tropas do sul e este por sua vez seria independente do Norte, com governo próprio.

Nessa Conferencia ficou definido que após dois anos seria realizado um plebiscito a respeito da reunificação do país. Bom… Isso não acontece.

Em 1955 um babaca chamado Ngo Dinh Diem, então primeiro ministro no Vietnã do sul dá um golpe de Estado, e adivinhe só: ele era contrário à reunificação. Ainda para completar temos uma ENORME coincidência. As forças armadas compostas no sul recebem dinheiro, equipamentos e treinamento estadunidense. Poxa vida, logo eles que tinham sugerido o plebiscito! ¬¬”

Tema Braddock, surgem os vietcongues!


Fonte: < http://theactionelite.com

Eu sei que ele não tem medo de nada. Mas…

Aqui já está rolando aquele jogo de interesses e disputa de influência que vimos no blog das Coreias. O norte teve ajuda chinesa (comunista), se dava bem com eles e recebia auxilio para manter seu governo. O sul viu algumas derrotas quando os franceses foram literalmente expulsos do território. No oriente, poucos anos antes a Indonésia também conseguira sua emancipação e já era super amiguinha da China.

Aquele papo do medo comunista que o seu professor de História falava que servia para justificar tudo quanto é ação rolou por lá também. Para os Estados Unidos então era questão de dever deter o avanço vermelho.

O norte, vendo o sul se preparar também toma medidas e em 1960 cria a FLN. Não confunda, essa é a Frente de Libertação Nacional, e seu braço armado é nada menos que o exército vietcongue.

Mesmo com o apoio estadunidense Diem não se mostra capaz de tratar com Ho Chi Minh. O norte segue executando invasões no sul e implantando medidas que causavam terror aos capitalistas (como reforma agrária). Considerando que era necessário uma mão mais firme, os Estados Unidos declaram “não se opor” a uma mudança governamental em Hanoi (sul). Em 1963 Ngo Dinh Diem é deposto por outro golpe e assassinado.

A partir daí, como diria Rômulo Mendonça, o que se estabeleceu foi o CAOS!

Um golpe atrás do outro, nenhuma unidade política e o norte se aproveitando da situação. Nesse cenário é muito provável que os comunistas dominassem todo o país, e como isso era inaceitável, o presidente Kennedy reforça a presença estadunidense no país. Até então os Estados Unidos diziam que a presença militar era apenas para suporte e treinamento das tropas vietnamitas do sul.

A Guerra de Fato

Fonte: < https://br.sputniknews.com

Aqui a galera da conspiração pira! E olha que as vezes eles tem razão.

Em 1964 a presença dos Estados Unidos no país muda de passiva para ativa.

– Não foi piada. ¬¬”

Aquele comportamento de dar suporte e treinamento passa para o da luta armada de fato. O pretexto: navios estadunidense são supostamente atacados no golfo de Tonkin.

Foram? (Na sua cabeça está rolando uma música de mistério ao fundo)

Nesse período o presidente dos Estados Unidos é Lyndon Jhonson. E o país literalmente se joga no conflito. Se computarmos o tempo total, mais de 2,5 milhões de estadunidenses participaram da guerra.

Para se ter uma ideia, a China que apoiou o norte enviou apenas cerca de 170 mil soldados.

O conflito a partir daí ficou marcado pelo que já falamos: uma luta entre capitalismo e comunismo representados pelo sul e pelo norte. O sul contava com o apoio e tecnologia fornecido pelo lado capitalista, que além das armas, aviões, navios e tanques contava com o segmento de armas químicas.

O norte contava com o apoio comunista que também envolvia armas e equipamentos, porém muito abaixo na questão quantidade e qualidade. Para compensar, além da atitude positiva e força de vontade, os vietcongues utilizaram a dar com pau táticas de guerrilha.

– Tática de guerrilha?

– Exatamente!!!

– Como assim?

– o_O

Vocês já devem ter ouvido falar. Acho que em todos os continentes que houveram conflitos após o século XIX, algum dos lados ou os dois utilizaram essas táticas, mesmo que não soubesse o termo.

Além dos próprios filmes a respeito da Guerra do Vietnã, quem assistiu “O Patriota”, por exemplo pode ter um bom exemplo.

– Eu sei que o contexto não tem nada a ver, mas é só para EXEMPLIFICAR.

Técnicas de guerrilha normalmente não usadas pelo lado mais fraco, que tem menos soldados e armas. Consiste em utilizar o território em seu favor fazendo armadilhas e emboscadas. Camuflando-se e acima de tudo, evitando confrontos diretos onde o número e as armas fariam a diferença.

Com suas variações elas podem ser usadas tanto em ambientes selvagens como em cidades. Fidel e Che utilizaram dessas técnicas quando da tomada de Cuba (…).

Os vietcongues souberam muito bem utilizar o conhecimento de seu próprio país contra seus inimigos. Conheciam a floresta como ninguém e tinham um sistema de túneis com mais de 120km de extensão. Esses túneis eram utilizados para fugas, ataques surpresas, armazenamento de arsenais e até como hospitais!

E na área deles, podem chamá-los de caçadores! Estima-se que cerca de 11% das baixas dos estadunidenses foram causadas apenas por armadilhas. E não são só armadilhas estilo minas terrestres ou granadas presas por fios ocultos. Haviam armadilhas com disparadores de flechas e buracos com estacas de bambu infectadas.

 O sul sentia de verdade as dificuldades impostas pelas táticas vietcongues, e acabou apelando.

O Braddock é bom, mas o laranja foi melhor

Fonte: < http://www.military.com

Todas as guerras são absurdas por si só. E piadas a parte, se podemos dizer que existe covardia por qualquer lado nesses conflitos, além das questões éticas, morais e de direitos (se é que elas são lembradas nesses contextos) vamos dizer que o agente laranja foi a maior sacanagem dessa guerra.

Agente laranja foi o apelido dado pelos pilotos da força aérea estadunidense para a dioxina despejada aos galões sobre as florestas vietnamitas. Tendo a floresta como principal aliada dos vietcongues nas táticas de guerrilha, os estrategistas estadunidenses chegaram a uma óbvia conclusão: vamos acabar com a floresta!

A função do agente laranja era envenenar as florestas e as colheitas do inimigo. E se não fosse um absurdo imensurável acabar com a natureza em uma disputa política, seus efeitos também se estenderam às pessoas. Não apenas aos soldados vietcongues, e do sul, mas a TODAS as pessoas!

Entre as consequências estão altas taxas no desenvolvimento de câncer, distúrbios respiratórios, digestivos e epidérmicos. Abortos e nascimentos de crianças com defeitos congênitos. A terceira geração de crianças nascidas após o conflito no Vietnã ainda apresentam altas taxas de alguma deficiência por causa disso.

Ainda assim, eles perdem!

 

Fonte: < http://gestao3pontozero.com.br

 Eu já ouvi várias vezes perguntas a respeito disso: mas os Estados Unidos perderam mesmo a Guerra do Vietnã?

– Perderam!

– E não perderam.

– Eu explico.

Acho que o Trump não admitiria, e muitos estadunidenses que pensam como ele também não. E seus argumentos até fazem algum sentido (só algum): os Estados Unidos não perderam grandes batalhas importantes. Quando essas houveram, sempre conseguiram a vitória (perdiam pequenos conflitos através da guerrilha inimiga). Todas as cidades do sul que foram ocupadas pelo norte foram reconquistas pelos estadunidenses. Maior número e melhores equipamentos inevitavelmente iriam garantir aos Estados Unidos a vitória caso o conflito se estendesse.

O lado oposto (que tem razão) sugere o seguinte: Apesar da desculpa que utilizaram para entrar no conflito ter sido o suposto ataque aos seus navios, desde o início o lado capitalista ofereceu apoio para evitar a unificação do Vietnã. E o Vietnã se unificou. Apesar de ter vencido mais, e “matado” mais, no final eles se retiraram. Independente das causas (pressão interna gerada pela opinião pública contrária ao conflito) eles foram embora. Por mais que se alegue que com o tempo venceriam, os vietcongues se defenderam tempo o bastante e causaram dor de cabeça o bastante para que as forças do sul, não apenas não conseguissem dominar o país, mas sentisse dificuldade o bastante para entender que era melhor abandonar o conflito do que continuar buscando a vitória. Se não conseguiram atingir o objetivo e foram embora, perderam!

Oficialmente o conflito termina em 1975 com a retirada total das tropas estadunidenses. Em 1976 o Vietnã é unificado sob um regime comunista (perderam mesmo!).

O saldo do conflito

Fonte: < http://blog.portalpravaler.com.br

Os estados unidos perderam cerca de 60 mil soldados, as forças do sul, compostas pelos aliados do lado capitalista perderam cerca de 250 mil. Já os vietnamitas, entre vietcongues e civis chegaram ao número de 3 milhões de mortos.

Os Estados Unidos investiram na época cerca de US$ 250 bilhões.

Um número maior a 7 milhões de bombas foi jogado no território e acredita-se que cerca de 800 mil bombas e minas não foram explodidas. 42 mil pessoas já morreram no pós guerra pela detonação acidental desses artefatos.

Em 1995 a relação entre os dois países foi normalizada movimentando mais de US% 36 bilhões em trocas comerciais no ano de 2014.

Boa parte desse lucro provém do turismo.

Apesar disso, o povo vietnamita ainda apresenta as sequelas principalmente pela ação de agentes químicos no conflito.

Mesmo com o final da Guerra Fria e o fim de apoio declarado recebido da URSS, o Vietnã continua sendo um país socialista assim como o Laos. Camboja, apesar de manter um governo socialista pós guerra, adota uma monarquia no início da década de 1990.

Mesmo com o regime socialista, China e Vietnã não tem relações tão próximas quanto esperaríamos. Apesar do auxílio na guerra, após isso ambos envolveram em conflitos relativos à fronteiras após a reunificação. A China queria de volta um território que já foi seu no passado. Hoje eles têm melhores relações, apesar de nãos serem os melhores amigos vizinhos socialistas.

Entre todos os pequenos conflitos que vimos durante e pelo contexto da Guerra Fria, a Guerra do Vietnã é um dos exemplos em que podemos dizer que os vermelhos levaram a melhor. Vencem algumas batalhas e perdem a guerra.

Acontece (…).

Essa foi uma não tão breve revisão do conflito ocorrido no Vietnã.

O que acharam? Os Estados Unidos perderam mesmo?

Deixe sua opinião, dúvida, crítica ou sugestão.

Bons estudos e boa prova!

Referências

<https://www.terra.com.br/noticias/mundo/estados-unidos/guerra-do-vietna-completa-40-anos-conheca-10-fatos-sobre-o-conflito,f146dead52e35e000553380ae0f70cbdm0svRCRD.html>
< https://mundoestranho.abril.com.br/historia/por-que-os-eua-perderam-a-guerra-do-vietna/#>
< https://oglobo.globo.com/mundo/os-40-anos-do-fim-da-guerra-do-vietna-em-numeros-16012519>
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