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Nesse dia 10 de maio são completos 23 anos desde que Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul. Você lembra de sua luta e das mudanças ocorridas no país?

Por Matheus De Marchi 10 maio 2017 - 8 min de leitura

Nelson Mandela lutou por mudanças sociais e contra o regime do Apartheid na África do Sul. 23 anos depois temos de nos perguntar se sua memória ainda é respeitada pelos seus sucessores.

 

Mandela

Fonte: http://obviousmag.org/sphere/2014/07/nelson-mandela.htm

 

Nelson Mandela merece ser lembrado todos os dias…

 

Lembrar de Nelson Mandela

 

… E não apenas no dia 10 de maio!  Não só porque ele foi interpretado no cinema pelo ator Morgan Freeman – o que já faria muitas celebridades chorarem de orgulho -, mas por toda sua história de lutas e conquistas. Qualquer piada a parte, Nelson Mandela é um desses caras que marcam a história, e não um desses que serão apenas citados por ela nos livros didáticos. Vamos relembrar a seguir um pouco sobre o que foi o Apartheid e a lua de Mandela por uma África do Sul melhor.

 

 

Um pouco sobre o Apartheid

 

apartheid

Fonte: http://www.ultracurioso.com.br/

Você que está cursando o ensino médio ou fundamental, que já cursou, que é fã de filmes do gênero drama, que estuda para concursos, assiste documentários ou jornais (apenas alguns), lê blogs, tem Twitter, ou simplesmente acessa a internet, tem grandes chances de saber o que foi o Apartheid. Caso você não saiba ou tenha esquecido porque aquele professor de história era muito chato e você não prestou atenção a aula, não se preocupe. Falaremos a seguir um pouco sobre isso.

O Apartheid foi um regime de segregação racial adotado na África do Sul entre os anos 1948 e 1991.

Tá. Nem precisa perguntar…

… mas é isso mesmo, quando eu falo que foi um regime adotado eu quero dizer que ele era empregado, defendido e mantido pelo Governo do país nesse período.

Então o governo “separava” as pessoas pela cor?

Exatamente! E separava sem as aspas mesmo.

A segregação em si existia desde o período colonial. Mas é correto dizer que ela só existiu legalmente falando a partir de 1948 quando o Partido Nacional venceu as eleições gerais daquele ano. Entre as suas bases, estava a política do apartheid.

Mas o Apartheid era apenas a separação de pessoas de acordo com sua cor/raça/etnia? Sim. Era a separação de pessoas de acordo com sua cor/raça/etnia com todas as implicações que isso podia gerar. Por exemplo:

– A legislação dividia os habitantes entre “brancos”, “negros”, “de cor” (mestiços) e indianos.

– Áreas residenciais eram separadas, muitas vezes com uso da força para remoção dos moradores.

– Casamentos inter-raciais eram ilegais.

– Serviços de saúde e educação eram diferenciados de acordo com sua condição “racial”. (Não preciso dizer quem recebia o melhor né?)

– Foi criado algo chamado “Lei de Segurança Nacional” (nossa, isso soa familiar?”). Na prática permitia que negros fossem presos sem qualquer julgamento.

– Foram criadas áreas chamadas bantustões. Áreas “autônomas” onde os negros viviam cercados pelas forças governamentais, tinham limitações de circulação, toque de recolher e não podiam sair sem a permissão do governo.

Isso sem falar na segregação diária. Estabelecimentos que não atendiam negros, escolas só para negros, áreas e lugares públicos como praias e parques com áreas exclusivas para negros e brancos, ônibus exclusivos ou com lugares separados internamente e como vimos acima, até bebedouros públicos direcionados.

Esse regime super democrático durou até o ano de 1991, quando o Partido Nacional (ainda no poder) já não gozava de tanto prestígio. Na eleições seguintes eles viriam a perder para o protagonista deste post.

 

Sobre Nelson Mandela

 

gifmandela

 

 

Nelson Rolihlahla Mandela não era apenas um presidente fã de Rugby com a simpatia do Morgan. Ele era formado em Direito e, antes de ser presidente da África do Sul, já era um importante líder político.

No ano de 1942 Nelson Mandela entrou para a política como opositor do Partido Nacional e como membro Congresso Nacional Africano. Em 1944 fundou junto com Oliver Tambo e Walter Sisulu a Liga Jovem do CNA.

Madiba (nome do clã Thembu de Nelson Mandela) sempre foi defensor da luta pacífica contra o Apartheid, conduta que mudou após o episódio conhecido como “Massacre de Sharpeville”. No dia 21 de março de 1960, manifestantes negros foram alvejados por policiais em um protesto. Cerca de 69 pessoas morreram e outras 180 ficaram feridas.

A mudança da forma de agir de Mandela o levou a em 1961 se tornar comandante do braço armado do CNA (a “Lança da Nação”). (Baita nome legal né? O_O).

Ele que já era perseguido pelo governo nacionalista, quando aderiu a luta armada selou talvez a parte mais conhecida de sua história. Ao buscar ajuda financeira internacional e viajar para fora do país sem autorização, Mandela foi preso e condenado a 5 anos de prisão em 1962. No ano de 1964, em um novo julgamento foi condenado à prisão perpétua.

Permaneceu preso até 1990. Nos 26 anos em que esteve enclausurado, Mandela nunca deixou de organizar e incentivar a luta contra o fim do regime do Apartheid. Através de cartas e contatos ele recebeu apoio de muitos segmentos sociais dentro do país de outras nações do mundo.

Esse apoio recebido não passou despercebido pelo governo. Com o aumento da pressão interna e externa e impopularidade do Partido Nacional, em 11 de fevereiro de 1990 o presidente sul-africano Frederik de Klerk libertou Nelson Mandela tornou legal o CNA.

Três anos mais tarde ambos, Nelson Mandela e Frederik de Klerk receberam o prêmio Nobel da Paz pelo esforço conjunto em acabar com a segregação racial no país.

Seu governo ficou marcado além de sua luta (e sucesso) contra a segregação racial no regime do Apartheid pela aproximação de grupos internos conflitantes que prejudicavam o interesse da nação.

 

Ao final de seu mandato ele continuou empenhado na luta pelas melhores condições sociais na África do Sul e outros países do continente. Por isso, recebeu muitas homenagens internacionais como reconhecimento.

 

 

E quem tem que lembrar de Nelson Mandela, está fazendo isso?

Jacob-Zuma

(presidente Jacob Zuma. http://www.sabc.co.za)

 

Infelizmente vem a parte triste do post…

 

Quando falamos sobre o Mandelão da massa, fica aquela impressão de quem conseguiu ao final de sua luta vencer e mudar o país para o mais próximo do que ele sonhou.

E sim, ele conseguiu! Retirar o Partido Nacional do poder após tantos anos e terminar com o Regime do Apartheid é uma baita vitória. Em um mandato, nós podemos concordar que é humanamente impossível realizar mudanças profundas. O que esperaríamos então era que ao menos ele inspirasse que outros continuassem as mudanças que ele iniciou.

Falando por cima… A África do Sul está mais ou menos assim hoje…

 

 

greve

Fonte: http://www.lpsmundo.org

 

Essa imagem (protestos e greve) nem é tão nova. Mas mostra mais ou menos o que quero dizer. O índice de desemprego na África do Sul supera os 25%. A expectativa de vida não supera os 52 anos. 

Assim como no Brasil, em pouco tempo uma nova classe média (composta por negros) se expandiu bastante. Ao mesmo tempo, as classes mais baixas ainda são compostas basicamente por negros. (As classes altas, aquelas altas mesmo, ainda veem muito pouco deles).

As barreiras do Apartheid deixaram de existir legalmente, é verdade, mas barreiras tão reais quando barras de ferro ainda existem. São aquelas definidas pelo poder aquisitivo e posição social. (1% da população rica contra 99% da população pobre).

A próxima imagem nos dá uma ideia sobre isso.

 

ricos-pobre

Fonte: https://www.greenme.com.br

 

Se qualquer um que ler esse blog digitar no Google a respeito da situação política do país vai encontrar algo não muito diferente do Brasil nos últimos anos. Escândalo após escândalo sobre corrupção dos “lideres” sul africanos.

Fica então esse pensamento. Será que esses caras legais que marcam a história, como falei ali em cima só marcam a história para aqueles que não tem poder de muda-la? Ou é uma ilusão nossa acreditar que existem pessoas assim, “especiais”? Os seus (quase)iguais não os enxergam assim?

Nelson Mandela foi um líder que inspirou e lutou pelo que acreditava ser o melhor para seu povo. A decepção com as pessoas que deveriam continuar sua luta só não é tão grande porque sabemos que líderes assim só são especiais assim por serem poucos.

E quanto a esses outros? Não me lembro as palavras exatas de Capheus sobre uma discussão parecida, mas era algo nesse sentido: “as pessoas acreditam e elegem líderes pelo que eles podem fazer pelo povo, sabem o que devem. Em algum momento essas pessoas deixam de fazer e pensar no povo que confiou neles. É nesse momento que algo muda, se transforma. Essas pessoas deixam de ser líderes e se tornam apenas políticos”.

E de políticos, parece que a África do Sul e o resto do mundo estão cheios.

E vocês? Acham que essas grandes pessoas só inspiram filmes e histórias?

 

 

Referências.
BRANCO, ALICE. Diferenças entre ricos e pobres na África do Sul – Imagens chocantes e Johnny Miller. grennMe. Disponível em: <https://www.greenme.com.br/viver/arte-e-cultura/3636-diferencas-ricos-pobres-africa> Acesso em 08 de maio de 2017.
EURONEWS. África do Sul: relatório implica Jacob Zuma em alegados casos de corrupção. Euronews. Disponível em: <http://pt.euronews.com/2016/11/02/africa-do-sul-relatorio-implica-jacob-zuma-em-alegados-casos-de-corrupcao> Acesso em 08 de maio de 2017.
SUAPESQUISA. Apartheid. Sua Pesquisa. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/apartheid.htm> Acesso em 08 de maio de 2017.
TRADING ECONOMICS. África do Sul – Taxa de desemprego. Trading Economics. Disponível em: <http://pt.tradingeconomics.com/south-africa/unemployment-rate> Acesso em 08 de maio de 2017.
TRANSKEI, MVEZO. Nelson Mandela. Uol Educação. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/biografias/nelson-mandela.htm> Acesso em 08 e maio de 2017.

 

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