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Você conhece os tipos de Variação Linguística e como esse tema pode ser cobrado em sua prova?

Por Ayeda Sanches 08 jun 2018 - 8 min de leitura

Variação linguística está relacionada à todas as pessoas que falam uma determinada língua e conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento e podem sofrer variações devido à influência de inúmeros fatores. Tais variações às vezes são pouco perceptíveis e outras vezes bastante evidentes.

 Variação linguística está relacionada à todas as pessoas que falam uma determinada língua e conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento e podem sofrer variações devido à influência de inúmeros fatores.

 Nenhuma língua é usada igualmente por todos os seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo contexto. Suponham-se, por exemplo, os dois enunciados a seguir:

Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz tempo.

Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos.

Qualquer falante do português reconhecerá que os dois enunciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido, mas também que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que o segundo é uma forma mais culta.

Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber dar grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem muitas maneiras de falar a mesma língua. É o que os chamamos de variações linguísticas.

As variações que distinguem uma variante de outra se manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, sintático e lexical.

 Variações Fônicas

São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da palavra.

– a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô.

– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, hoje frequentes na fala caipira.

– a queda de sons no início de palavras: ocê, , ta, tava, marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem oral coloquial.

– a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de pessoas de baixa condição social.

– A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do RS e SC) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; paster, pastel.

– deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social.

Variações Morfológicas

São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra.

– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem jovem urbana: uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima).

– a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regulares: ele interviu (interveio).

– a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia).

– uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-versa: tive muita dó dela (muito dó).

– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro indicado, as noite fria, os caso mais comum.

– o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer.

Variações Sintáticas

Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase.

– o uso de pronomes do caso reto com outra função que não a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti) e ele.

– o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.

– a ausência da preposição adequada antes do pronome relativo em função de complemento verbal: este é o melhor filme que (em vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio.

– a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família dele (em vez de cuja família eu já conhecia).

– a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz me irrita.

– ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.

Variações Léxicas

É o conjunto de palavras de uma língua.

– a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para formar o grau superlativo dos adjetivos, características da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado.

– as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Portugal chamam de bicha.

Designações das Variantes Lexicais:

Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida.

Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de palavras recém-criadas, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários.

Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras emprestadas de outra língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma de origem.

Jargão: é o vocabulário típico de um campo profissional como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo.

Gíria: é o vocabulário especial de um grupo que não deseja ser entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identidade por meio da linguagem.

Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico excessivamente erudito, muito raro, afetado.

 Dê uma olhada no dicionário de Gírias paulistanas como exemplo:

 

https://kikacastro.files.wordpress.com/2011/08/dicionarioatualizado4.jpg

 Tipos de Variação

As variações mais importantes, para o interesse do concurso público, são os seguintes:

Sóciocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com certa facilidade. Por exemplo, duas pessoas distintas dizem as seguintes frases:

“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.” (frase 1)

“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.” (frase 2)

Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou, quando muito, fizeram-no em condições não adequadas.

Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que tiveram possibilidades sócio-econômicas melhores e puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura, com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua.

Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita acima está bastante simplificada, uma vez que há diversos outros fatores que interferem na maneira como o falante escolhe as palavras e constrói as frases.

Geográfica: Essa variação se caracteriza pelo acento linguístico, que é o conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, timbre, intensidade), por isso é uma variante cujas marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao conjunto das características da pronúncia de uma determinada região dá-se o nome de sotaque. A variação geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes que algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do país.

http://letrasmarques2013.blogspot.com/2013/08/regionalismos.html

  Histórica: As línguas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas.

  De Situação: aquelas que são provocadas pelas alterações das circunstâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de falar compatível com determinada situação é incompatível com outra:

Ô mano, ta difícil de te entendê.

Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em situação informal, não tem cabimento se o interlocutor é o professor em situação de aula.

As variações de acordo com a situação costumam ser chamadas de níveis de fala ou, simplesmente, variações de estilo e são classificadas em duas grandes divisões:

 

https://aprovadosem1clique.wordpress.com/category/norma-culta-da-lingua-portuguesa/

 

Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão sobre o que se diz, bem como o estado de atenção e vigilância. É na linguagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é mais tenso.

Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reflexão sobre o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e familiar que esse estilo melhor se manifesta.

É variação pra dar e vender, não acham???

E vocês, se lembram de alguma variação que usam com frequência?

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Imagem destacada – https://br.freepik.com/vetores-gratis/comic-pack-of-lips-adesivos-vermelhos_1325920.htm#term=boca%20desenho&page=1&position=3
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