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ANÁLISE DO COMPORTAMENTO E TERAPIA INFANTIL UTILIZANDO O TREINO DE PAIS

Para a Análise do Comportamento, os comportamentos dos indivíduos estão sob controle de variáveis ambientais.
Por Alan Martins de Souza 09 jan 2018 - 7 min de leitura

Para a Análise do Comportamento, os comportamentos dos indivíduos estão sob controle de variáveis ambientais. Os comportamentos seriam determinados pelas consequências em determinados contextos, sendo possível explicá-los a partir de suas relações funcionais com variáveis históricas e atuais, que compõem as contingências. Contingências são relações de dependência entre variáveis ambientais e organismo; sendo a mais simples a contingência operante e a contingência tríplice, que inclui os antecedentes, a classe de respostas e as consequências de um comportamento.

Para a Análise do Comportamento, os comportamentos dos indivíduos estão sob controle de variáveis ambientais.

Fonte: https://winterdrops.wordpress.com/2016/11/27/temas-em-analise-do-comportamento/

TÉCNICAS DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

Fonte: http://www.vagner.cz/wp-content/themes/vagner/img/hracky.jpg

Na clínica, a Análise de Comportamento (AC) investiga as relações funcionais, buscando alívio para o sofrimento e resolvendo as queixas. Através dela é possível localizar as variáveis que favoreceram o desenvolvimento e a manutenção do comportamento. Pode-se trabalhar, na AC, a terapia com adultos, adolescentes e crianças; com crianças há algumas particularidades. Implementar novas habilidades no repertório comportamental, proporcionar uma melhor adaptação social e o autoconhecimento são uns dos objetivos do trabalho com a criança. Autoconhecimento é a possibilidade de o indivíduo descrever contingências onde seus comportamentos se inserem.

As estratégias lúdicas e a orientação de pais são utilizadas na terapia infantil. Estratégias lúdicas são um meio de estabelecer vínculo com a criança, visam alterações comportamentais previamente planejadas, como aprender alguns comportamentos ausentes em seu repertório, aumentando a frequência das interações positivas e diminuindo as negativas. A criança é levada a relatar sobre seus padrões comportamentais e os de seus familiares, sem desaprovação crítica.

A participação dos pais é um fator essencial para o sucesso da terapia. A família proporciona contingências para a aprendizagem e o desenvolvimento de comportamentos, servindo como modelo. É a família que contribui para a ocorrência de déficits ou excessos dos padrões de relacionamento e competência social. Pais que mantém conversação, expressam sentimentos, colocam limites e cumprem promessas, oferecem modelos adequados e lidam melhor na educação de seu filho. Já pais coercitivos, oferecem condições para a ocorrência de problemas de comportamento.

ALGUNS ESTUDOS SOBRE O TEMA

Fonte: https://2.bp.blogspot.com/-

Ferreira e Marturano investigaram sobre as circunstâncias adversas e as facilitadoras. Circunstâncias facilitadoras são atividades diárias com horário definido, passeios e atividades com os pais. Observou-se que crianças com problema de comportamento possuíam um relacionamento conflituoso com os pais, que utilizavam práticas parentais inadequadas, como agressão física. O objetivo do trabalho com os pais é o de identificar e intervir nas contingências dos comportamentos inadequados.

Hemphill e Littlefield fizeram um estudo onde as crianças e seus pais foram atendidos. Criaram m grupo de crianças, um de pais e um outro formado por todos. O atendimento das crianças visava auxiliá-las a discriminar as consequências de seus comportamentos, desenvolver habilidades sociais e diminuir os comportamentos-problema. O atendimento dos pais tinha como objetivo ensinar princípios comportamentais e colocá-los em prática. Houve melhora do comportamento dos filhos, após oito semanas, porém os professores não relataram melhora significativa.

A investigação, no caso de comportamentos agressivos, deve envolver interações como reforço da agressão, modelo de agressão, frustração, punição, disciplina irregular e atenção positiva e negativa. Esse tipo de comportamento pode ser induzido pela punição. A agressão pode ser direcionada a quem puniu ou a outro indivíduo próximo. Ou pode ser um caso de contracontrole, uma forma de controlar quem puniu.

Um estudo, realizado por Gomide, mostrou que crianças que assistiram filmes violentos antes de assistir um jogo de futebol de salão tiveram um aumento significativo da emissão de comportamentos agressivos, durante a partida.

CASO JÚNIOR

O estudo realizado por Emidio, Ribeiro e De-Farias contou com a participação de Júnior, um menino de 9 anos de idade. As sessões de orientação foram realizadas com os pais. Júnior tinha uma irmã de 5 anos e uma outra de 1 ano e 7 meses. Passavam a manhã com a empregada doméstica, pois os pais trabalhavam. A queixa principal era a raiva e a impulsividade do filho, além de que Júnior não brincava com os colegas na escola.

As sessões com a criança foram realizadas uma vez por semana e as de orientação com os pais a cada 15 dias. Uma sessão com toda a família foi realizada, com o intuito de observar a interação entre eles. Os pais foram orientados a registrar a frequência dos comportamentos que mais os preocupavam. O registro deveria acontecer todos os dias, entre às 20:00 e 22:00 horas. Foram classificados: agressão verbal, agressão física e resistência. Com esses registros, os pais foram capazes de descrever as contingências às quais o comportamento do filho estava inserido. Utilizou-se recursos lúdicos para observar a ocorrência de comportamentos adequados e inadequados, criando situações onde o terapeuta fosse capaz de oferecer consequências apropriadas a cada tipo de comportamento. Foi solicitado o cumprimento de tarefas de casa.

Orientaram os pais a reforçar positivamente os comportamentos adequados de Júnior, a persistir nas ordens dadas e a substituir as ameaças por descrições de comportamentos adequados e inadequados, negociando as consequências caso as regras não fossem seguidas. A irmã do menino participou de três sessões, facilitando a generalização dos comportamentos aprendidos.

Inicialmente, os padrões comportamentais de Júnior eram formados por reações agressivas quando contrariado ou quando os pais davam atenção à irmã. A maior parte desses comportamentos inadequados são relacionados a déficits em competência social. Os pais não disponibilizavam consequências de maneira sistemática aos comportamentos do filho, ora era punido, ora não. Durante dois anos, o menino morou com a mãe e com a avó materna, que costumava atender todos os seus desejos. Nessa época seus comportamentos inadequados aumentaram. Passou a esmurrar portas, seguindo o modelo oferecido pelo pai. O fato da irmã receber afeto dos pais era um estímulo discriminativo para comportamentos agressivos, interrompidos pela atenção que os pais lhe davam. Esses padrões agressivos eram apresentados na presença dos colegas de Júnior, que passaram a se esquivar dele.

Não houve situação de agressividade durante as sessões, a criança relatou situações agressivas nas quais se envolvia; situações que não foram confirmadas pelos pais. Essas verbalizações eram mantidas pela atenção da terapeuta. Realizou-se atividades que pudessem auxiliar o cliente na discriminação de seus sentimentos e os contextos que evocavam alegria, raiva, medo. Os pais foram orientados a adicionar atividades para melhorar a rotina de Júnior, já que seus horários eram irregulares. O treino de habilidades sociais permitiu que Júnior passasse a frequentar a casa de seu amigo.

Foi possível observar uma redução de comportamentos inadequados, a partir dos registros realizados pelos pais. Os pais foram orientados a substituir o controle aversivo pelo reforço, reforçando os comportamentos adequados com atenção e carinho. Eles também passaram a discriminar o tom de voz e a maneira de como deveriam dar ordens para o seu filho, onde os antecedentes de comportamentos agressivos deixaram de ocorrer.

CONCLUSÃO

Um repertório pobre em habilidades sociais leva a dificuldades interpessoais para a criança. O fato dos comportamentos agressivos de Júnior serem reforçados positivamente pelos pais, gerava a ocorrência de resposta agressiva. A falta de atenção por parte dos pais gera uma forte operação estabelecedora para atenção e qualquer comportamento pode ser evocado, adequado ou inadequado. O comportamento explosivo dos pais foi aprendido, pelo filho, por meio da modelagem. Pais que utilizam o controle aversivo, que são inconsistentes, falham no uso efetivo de técnica disciplinares para enfraquecer comportamentos inadequados.

Nesse caso, foi possível observar a diminuição dos comportamentos agressivos e o aumento da ocorrência de habilidades sociais, desenvolvimento de amizade e melhor convívio familiar; a partir da mudança nas relações familiares.

Elaboração: Alan Martins

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

EMIDIO, L. A. de S.; RIBEIRO, M. R.; DE-FARIAS, A. K. C. R.. Terapia infantil e treino de pais em um caso de agressividade. Rev. Bras. de Ter. Comp. Cogn., 11-2, p. 366-385, 2009.

Acompanhe também na página de Alan Martins esse e outros posts, acessando: https://anatomiadapalavra.wordpress.com/2017/12/28/terapia-infantil-utilizando-o-treino-de-pais/

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