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Qual a importância do desenho na infância? Você sabe o que essa imagem em destaque representa?

Por Renan Costa da Silva 07 dez 2017 - 9 min de leitura

A imagem abaixo consegue retratar bastante sobre o processo do desenho na infância, onde atua na construção do imaginário, ajudando a expressar suas particularidades, seus sentimentos, seus desejos, seus medos, suas vontades e experiências, além de auxiliar a transparecer e representar o mundo em sua volta.
O desenho é uma linguagem muito presente na evolução humana, desde os tempos mais remotos até os dias atuais, acompanhando sempre a história dos registros do homem na Terra

Fonte: https://goo.gl/GKykbN

Se você já leu o livro “O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry”, conseguiu identificar do que se referia a imagem em destaque desde o começo, caso contrário, a maioria das pessoas associam essa imagem a um chapéu, isso se deve, geralmente, pela imaginação que vamos ‘perdendo’ aos poucos conforme vamos nos tornando adultos.

O desenho é uma linguagem muito presente na evolução humana, desde os tempos mais remotos até os dias atuais, acompanhando sempre a história dos registros do homem na Terra, a pintura rupestre é um desses grandes exemplos, que podemos encontrar inclusive registros no Brasil, no Parque Nacional Serra da Capivara.

Com o passar do tempo e a partir das transformações sociais, esses desenhos se aperfeiçoaram e adquiriram formas mais elaboradas.

Em cada sociedade, o desenho assumiu um papel diferente. Por exemplo, no Egito era usado como meio de expressão manifestado nos antigos templos e túmulos construídos pelos povos desta região. Em outras civilizações, como na Mesopotâmia, o desenho beneficiou a elaboração de mapas cartográficos que facilitaram as atividades comerciais desenvolvidas pelos povos ocidentais e orientais. Aos poucos, o desenho passou a ser representado em diferentes materiais, como: barro, pedras, argilas, madeiras e finalmente, no papel conhecido atualmente, segundo Lia Zatz.

Fonte: https://goo.gl/JKSu6v

O desenho na infância e seus estágios

Fonte: https://goo.gl/Yryvob

“Esse aqui não é um coelho. Não me diga que é um coelho porque é um boi bebê. Eu estou fazendo uma galinha que foi botar ovo no mato. Quer dizer, uma menina que foi pegar plantas no mato para dar ao marido” Yolanda, 5 anos

 Três estudiosos da educação dividem o desenho em alguns estágios para melhor entendermos o que se passa no desenvolvimento infantil e como abordar isso de maneira mais adequada respeitando as faixas etárias de cada criança.

[1]Marthe Berson distingue três estágios do rabisco:

– Estágio vegetativo motor: por volta dos 18 meses, o traçado e mais ou menos arredondado, conexo ou alongado e o lápis não sai da folha formando turbilhões.

– Estágio representativo: entre dois e 3 anos, caracteriza-se pelo aparecimento de formas isoladas, a criança passa do traço continuo para o traço descontinuo, pode haver comentário verbal do desenho.

– Estágio comunicativo: começa entre 3 e 4 anos, se traduz por uma vontade de escrever e de comunicar-se com outros. Traçado em forma de dentes de serra, que procura reproduzir a escrita dos adultos.

Luquet Distingue Quatro Estágios:

 Realismo fortuito: começa por volta dos 2 anos e põe fim ao período chamado rabisco. A criança que começou por traçar signos sem desejo de representação descobre por acaso uma analogia com um objeto e passa a nomear seu desenho.

– Realismo fracassado: Geralmente entre 3 e 4 anos tendo descoberto a identidade forma-objeto, a criança procura reproduzir esta forma.

– Realismo intelectual: estendendo-se dos 4 aos 10-12 anos, caracteriza-se pelo fato que a criança desenha do objeto não aquilo que vê, mas aquilo que sabe. Nesta fase ela mistura diversos pontos de vista (perspectivas).

– Realismo visual: É geralmente por volta dos 12 anos, marcado pela descoberta da perspectiva e a submissa às suas leis, daí um empobrecimento, um enxugamento progressivo do grafismo que tende a se juntar as produções adultas.

Já os estudos piagetianos mostram que o desenvolvimento do desenho segue os mesmos estágios de Luquet, no entanto são analisados dentro da perspectiva das fases do desenvolvimento infantil da representação. Piaget classifica as fases do desenho como:

– Garatuja: Faz parte da fase sensório motora (0 a 2 anos) e parte da fase pré-operatória (2 a 7 anos). A criança demonstra extremo prazer nesta fase. A figura humana é inexistente ou pode aparecer da maneira imaginária. A cor tem um papel secundário, aparecendo o interesse pelo contraste, mas não há intenção consciente. A fase da garatuja pode ser dividida em outras duas partes:

– Desordenada: movimentos amplos e desordenados. Com relação a expressão, vemos a imitação “eu imito, porém não represento”. Ainda é um exercício, simples riscos ainda desprovidos de controle motor, a criança ignora os limites do papel e mexa todo o corpo para desenhar, avançando os traçados pelas paredes e chão. As primeiras garatujas são linhas longitudinais que, com o tempo, vão se tornando circulares e, por fim, se fecham em formas independentes, que ficam soltas na página. No final dessa fase, é possível que surjam os primeiros indícios de figuras humanas, como cabeças com olhos.

– Ordenada: movimentos longitudinais e circulares; coordenação viso-motora. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, pois aqui existe a exploração do traçado; interesse pelas formas. Nessa fase inicia-se o jogo simbólico: “eu represento sozinho”. Ocorre a mudança de movimentos; formas irreconhecíveis com significado; atribui nomes, conta histórias. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, aparecem sóis, radiais e mandalas. Dentro da fase pré-operatória, aparece a descoberta da relação entre desenho, pensamento e realidade. Quanto ao espaço, os desenhos são dispersos inicialmente, não relaciona entre si. Então aparecem as primeiras relações espaciais, surgindo devido à vínculos emocionais. A figura humana torna-se uma procura de um conceito que depende do seu conhecimento ativo, inicia a mudança de símbolos. Quanto a utilização das cores, pode usar, mas não há relação ainda com a realidade, dependerá do interesse emocional. Dentro da expressão, o jogo simbólico aparece como: “nós representamos juntos”. Já conquistou a forma e seus desenhos têm a intenção de reproduzir algo. Ela também respeita melhor os limites do papel. Mas o grande salto é ser capaz de desenhar um ser humano reconhecível, com pernas, braços, pescoço e tronco.

De acordo com Piaget, no estágio pré-esquemático, que inicia-se por volta dos quatro anos e se estende até os sete anos. Após esta fase a criança com idade entre sete e nove anos entra no estágio esquemático, e após os nove anos passa para o estágio do realismo nascente, vale ressaltar que estes estágios compreendidos entre os sete e onze anos estão dentro do período das operações concretas. Estes estágios não são estáticos, imutáveis, existem crianças que pulam alguns estágios de desenvolvimento e crianças que param de se desenvolver devido a vários fatores que influenciam em sua vida, como deficiências física ou mental, como família, situação social e econômica ou distúrbios psicológicos.

Desenho e alfabetização

O desenho irá auxiliar a criança a se acostumar com a escrita, dessa forma, ela irá aos poucos protagonizar o papel de sua busca pela alfabetização e repetição das letras.

No entanto, cabe ao professor estudar e conhecer as fases do desenho infantil e qual a relação que elas têm com os níveis de desenvolvimento da escrita, para que assim ele possa proporcionar aos alunos aulas que contribuíram tanto para o desenvolvimento artístico como o desenvolvimento do processo de aquisição da escrita. É aconselhável, ao professor, que ofereça às crianças o contato com diferentes tipos de desenhos e obras de artes, que elas façam a leitura de suas produções e escutem a de outros e também que sugira a criança desenhar a partir de observações diversas (cenas, objetos, pessoas) para que possamos ajudá-la a nutrisse de informações e enriquecer o seu grafismo. Assim elas poderão reformular suas ideias e construir novos conhecimentos. Enfim, o desenho infantil é um universo cheio de mundos a serem explorados.

O desenho está também intimamente ligado com o desenvolvimento da escrita. Parte atraente do universo adulto, dotada de prestigio por ser “secreta”, a escrita exerce uma verdadeira fascinação sobre a criança, e isso bem antes de ela própria poder traçar verdadeiros signos. Muito cedo ela tenta imitar a escrita dos adultos. Porém, mais tarde, quando ingressa na escola verifica-se uma diminuição da produção gráfica, já que a escrita (considerada mais importante) passa a ser concorrente do desenho.

Então, não podemos deixar de incentivar nossos alunos em todos os aspectos, seja no desenho, na escritas ou nos movimentos diversos do corpo.

Encerro com essa frase da Edith Derdyk que transcreve bem o papel do desenho no crescimento de cada um:

(…) um jogo que não exige companheiros, onde a criança é dona de suas próprias regras. Nesse jogo solitário, ela vai aprender a estar só, “aprender a só ser”. O desenho é o palco de suas encenações, a construção de seu universo particular.

E então? Gostou do nosso post de hoje? Gostaria de acrescentar alguma vivência? Tem algum palpite sobre como acontecerão da melhor forma esse processo de adaptação das escolas?

Compartilhe essa ideia e passe em diante essas importantes informações, pois a leitura é essencial para o aprendizado.

Deixe aqui seu comentário e mais sugestões que teremos grande prazer em lhe atender.

Referências bibliográficas

CARDOSO, Luana Carolina Rodrigues e PAIVA, Alcione Vieira de. A Importância do desenho infantil no processo de alfabetização, 2010.
DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: O desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo: Scipione, 1993.
DERDYK, Edith. O desenho da figura humana. São Paulo: Scipione, 1993.
GARDNER, Howard. Arte, Mente e Cérebro: uma abordagem cognitiva da criatividade. Tradução: Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
http://www.pedagogia.com.br/artigos/desenhonaalfabetizacao/
https://www.psicopedagogia.com.br/index.php/3266-o-uso-do-desenho-na-construcao-da-aprendizagem-significativa-da-educacao-infantil
LUQUET, G. H. O desenho infantil. Porto: Editora do Minho, 1969.
LUQUET, G.H. Arte Infantil. Lisboa: Companhia Editora do Minho, 1969.
PIAGET, J. A formação dos símbolo na criança. PUF, 1948
SIMAS, Daiana Leão. Riscos e rabiscos: A contribuição do desenho infantil para a alfabetização. Universidade do Estado da Bahia, 2011. http://www.uneb.br/salvador/dedc/files/2011/05/Monografia-Daiana-Leao-Simas.pdf
ZATZ, Lia. Aventura da escrita: História do desenho que virou letra. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2002.

[1]https://pedagogiaaopedaletra.com/fases-do-desenho-infantil/

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