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Dia 05 de junho marca o cinquentenário da Guerra dos Seis Dias. Por que nos lembraríamos 50 anos depois de um evento que ocorreu por tão pouco tempo?

Por Matheus De Marchi 05 jun 2017 - 9 min de leitura

O conflito conhecido como Guerra dos Seis Dias foi um confronto militar entre Israel e alguns países árabes (Síria, Egito e Jordânia apoiados por Iraque, Kuwait, Argélia, Arábia Saudita e Sudão) que teve como desfecho a vitória do Estado de Israel e consequências que persistem até os dias de hoje.

Guerra dos seis dias certo

fonte: https://pt.slideshare.net/ana1935/israel-e-os-conflitos-rabes

Apenas seis dias

Uma dúvida me foi normal durante um bom tempo (que desapareceu apenas após eu ler sobre o assunto, já que durante as aulas de História – ou todas as aulas – eu estava mais preocupado com o almoço – sim, somos gordos e pensamos em comida! – do que com o professor falando sobre um monte de gente de um lugar longe que brigou há muito tempo) era se realmente a Guerra dos Seis Dias teria durado “apenas” seis dias. E, se durou tão pouco tempo, por que deveríamos aprender sobre ela junto de tantos outros conflitos que duraram tão mais tempo?

As respostas eram simples e veremos a seguir.

Por que saber sobre ela e quais suas origens?

 

o-conflito-arabe-israelense

Fonte: http://www.estudopratico.com.br/o-conflito-arabe-israelense/

Bom. Em relação a concursos ou vestibulares essa é uma daquelas matérias que, embora não estejam no nível e popularidade das “já presença confirmadas” Primeira e Segunda Guerras Mundiais, têm aparecido como conflitos mais recentes (nem tão recente), e com textos que remetem a um conflito muito maior e mais antigo (árabes x judeus).

Se fôssemos de fato rastrear suas origens teríamos de começar por inúmeros mil anos atrás, falar de Mesopotâmia, Judeia, tribos Ismaelitas e ainda teríamos discussão dependendo da crença do leitor.

Para evitar toda essa volta e a iminente censura da minha redatora vamos falar das causas imediatas.

Nos longínquos anos 1940, mais especificamente em maio de 1948 (a ONU tinha uma resolução atestando a divisão desde o ano anterior) é reconhecido oficialmente a criação do Estado de Israel.

Mas criaram um Estado do nada? Só materializaram ele no meio do Oriente Médio?

Quase!!! Rs.

Vocês já devem ter ouvido falar de um território chamado Palestina. Historicamente é uma região famosa pelos conflitos étnico-religiosos. Árabes, judeus… Aquela história que a gente conhece e quis pular pra adiantar o assunto.

Enfim, essa tal de Palestina continuava causando problemas para quem quer fosse que vivesse ou administrasse o lugar. Na época quem mandava no boteco eram os ingleses. Muito debate, muita discussão, muitas tentativas e o que poderia ser o mais obvio foi feito. Pegaram literalmente um pedaço da Palestina, “entregaram” aos judeus e criaram o Estado de Israel.

Pronto! Judeus tem seu espaço, árabes tem seu espaço e ficamos todos felizes…

Como se fossem filmes da Disney! ”

O problema era que a grande maioria da população (da Palestina e vizinhança) era composta por árabes. Perder um espaço do “seu” território e ainda entregar a uma administração semita? Claro que não rolou. Enquanto os líderes judeus aceitaram a proposta e correram a se organizar, líderes árabes a recusaram e também se organizaram, mas se organizaram daquele jeito que a mãe deles com certeza não ensinou.

Um dia após a declaração oficial de independência do Estado da Palestina, Iraque, Egito, Líbano, Síria… Enfim, a vizinhança árabe atacou o novo Estado. Como o nosso foco não é ESSA guerra, vamos resumir. O conflito durou um ano, Israel venceu (sim, venceu!!), garantiu sua existência e autonomia e – como se precisasse – fez um monte de inimigos ressentidos ao redor.

Agora sim, sobre a Guerra dos Seis Dias

Guerra dos seis dias

Fonte: http://www.clebinho.pro.br/wp/?p=2522

O tópico anterior foi mais para termos uma ideia clara sobre onde foi o conflito, com quem e alguns dos porquês mais recentes.

Esse conflito de fato (5 de junho de 1967) foi um dos estopins de uma série de tensões que já haviam.

Mas tinha alguma específica? Uma só não, mas teve uma “última”.

Síria e Palestina estavam envolvidos em uma disputa por água. O alvo era o rio Jordão (na verdade um dos afluentes do rio Jordão, que tinha grande importância para ambos os lados).

Em uma das Conferências da Liga Árabe (1964) os Estados árabes concordaram que o Rio Jordão era de suma importância para todos. O Estado de Israel que não fazia parte do clubinho era uma ameaça direta a esse controle. Dizem as más-línguas que a partir daí os Estados árabes iniciaram planos para mobilização e destruição do Estado de Israel. E vocês sabem… os boatos correm.

Aparentemente Israel estava ciente dos planos e também se preparou para um inevitável confronto. O lado árabe humilhado por derrotas anteriores e sempre antipático aos vizinhos semitas, apesar de fazer os planos ainda não tinha a organização e tranquilidade política do Estado de Israel.

Então Israel colocou em prática aquela velha máxima. “Se quiser ganhar uma briga, dê o primeiro soco!”.

E que soco hein Salim!!!!

O confronto

A divisão de forças era mais ou menos a seguinte: Israel contava com 264.000 soldados, 300 caças e 800 tanques. Egito, Síria, Jordânia e Iraque juntos somavam cerca de 547.000 soldados, 757 caças e 2.504 tanques. Apesar da visível superioridade árabe, o primeiro movimento fez toda a diferença. Em apenas seis dias o Estado de Israel venceu seus antagonistas e anexou diversos territórios.

O início da batalha se deu no Egito. Os caças israelenses atacaram ao mesmo tempo cerca de nove aeroportos militares egípcios e conseguiram com esse feito inutilizar todo o poder aéreo egípcio.

Simultaneamente sua força terrestre investiu contra Gaza e Sinai. Em dois dias todo o Golfo da Ácaba estava dominado.

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Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u95243.shtml

E não paramos por aí.

No terceiro dia, temendo uma aliança entre Egito e Síria (pelo menos justificando isso) Israel parte sobre a Síria. Como nas batalhas anteriores não houve frente capaz de sustentar nenhuma posição. No dia 07 de junho toda Jerusalém e a Cisjordânia também estavam sob o controle israelense.

É fato que todo o avanço militar e conquista de territórios desse conflito ocorreu em apenas três dias. A partir daí, sob pressão do governo estadunidense a ONU se mobilizou a convencer os envolvidos a iniciarem negociações pela paz (e assim evitar a entrada de outras nações árabes no conflito).

No dia 10 de junho do mesmo ano, todos os envolvidos já haviam assinado os tratados de cessar-fogo (A Síria foi o último).

E tudo isso por que?

 

Por que

Fonte: https://giphy.com/gifs/ellen-page-maths-i-dont-understand-2m5hGgfE1Tf2M/

Primeiro vale a pena lembrarmos esse fato pelo tamanho do feito, embora não pareça. Dificilmente encontraremos registros históricos em que em tamanha diferença de força conseguiu uma vitória tão incontestável em tão pouco tempo (de novo!).

E não é só por isso. As consequências foram imensas e ainda hoje moldam a geografia da região, além dos outros resultados que falaremos a seguir.

Militarmente falando, quase metade de todo o poderio das nações árabes envolvidas foi dizimada em apenas dois dias. Foram cerca de 20.000 mortos dos países árabes contra apenas cerca de 780 israelenses. 400 caças contra apenas 46, isso sem contarmos o número de feridos e aprisionados.

O território israelense em 6 dias aumentou quase cinco vezes seu tamanho. E quase permaneceu assim. Em 1967 a ONU tentou intervir e convencer Israel a abandonar os territórios, exigência que não foi totalmente atendida até hoje.

Israel passou a controlar regiões importantes como Jerusalém Oriental, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e o Deserto do Sinai.

A hostilidade do mundo islâmico (que já era grande) apenas cresceu depois desse acontecimento.

Ficou claro a grande diferença de poder que havia na região (muito pelo apoio estadunidense aos israelenses).

Cerca de 350.000 novos refugiados foram gerados nesse conflito nos países vizinhos (Jordânia, EAU, Líbano…).

A aversão de certas linhas muçulmanas (sabemos quais né?) aos países apoiadores do Estado de Israel (EUA, Espanha, Inglaterra…) apenas cresceu e nesse caso bem específico vemos seus desdobramentos até hoje (já não lembro qual semana não li algo sobre atentados, principalmente na Inglaterra).

Os conflitos árabe-israelenses são muitos e tem suas causas muito anteriores a esse episódio. Hoje eles se confundem com motivos político/religiosos/fanáticos/étnicos e um monte de reticências sobre isso.

A Guerra dos Seis Dias, apesar de não ter sido o mais violento conflito ou o maior, foi de certo um dos que mais gerou transformações e consequências duradouras nos problemas no Oriente Médio e ainda hoje podemos ver suas consequências.

Temos de nos lembrar sempre.

Lembrar

fonte: http://blog.pr.sebrae.com.br

Parece que em alguns casos, só algumas vezes, o passado tem um papel diferente. Em vez de ensinar e fazer com que haja evolução, ele cutuca, irrita, provoca e marca a história com acontecimentos de ódio e violência. Esse conflito específico existe até hoje, se não todos os dias militarmente, ele continua ocorrendo socialmente, politicamente (…) de formas que só são mais sutis por falta de cobertura.

Apesar de grande transformador esse não é um conflito muito lembrado nas aulas de história. Vocês se lembravam dele? Sabem localizá-lo entre todos os outros conflitos do Oriente Médio?

Compartilhe conosco suas dúvidas ou opinião.

Referências.
AFP. Há 50 anos começava a Guerra dos Seis Dias. Istoé. Disponível em: <http://istoe.com.br/ha-50-anos-comecava-a-guerra-dos-seis-dias/> Acesso em 05 de junho de 2017.
GUERRA DOS SEIS DIAS. Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Seis_Dias> Acesso em 05 de junho de 2017.
JÚNIOR, MARCOS. Guerra dos Seis Dias – Resumo sobre suas Causas. Estudo Prático. Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br/guerra-dos-seis-dias-resumo-sobre-suas-causas/> Acesso em 05 de junho de 2017.
KRESH, DANIELA. Em cinquentenário da Guerra dos Seis Dias, paz ainda está distante. Folha de São Paulo, Mundo. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/06/1890046-em-cinquentenario-da-guerra-dos-seis-dias-paz-ainda-esta-distante.shtml> Acesso em 05 de junho de 2017.
SANTIAGO, EMERSON. Guerra dos Seis Dias. InfoEscola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/guerra-dos-seis-dias/> Acesso em 05 de junho de 2017.
SOHISTÓRIA. Guerra dos Seis Dias. Só História. Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/ef2/seisdias/> Acesso em 05 de junho de 2017.

 

 

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